A REVELAÇÃO

Vozes desesperadas:

– O mundo está em chamas!

– O mundo está em chamas!

Há um incêndio sob o céu!

 

E não nos vem um salvador!

 

Fogos furiosos saltam sobre nossas cabeças.

Raios estrondosos e pesados como metralhadoras

fulminam corpos as pressas nas ruas da cidade.

O mar se levanta como uma tropa em ataque.

Pandemônio!

Choro e ranger de dentes.

 

E não nos vem um salvador!

 

Beberrões roufenhos urram

chamando um salvador…

Mas onde ele está?

As putas clamam por piedade

em deliciosos gritos moribundos.

Aves de rapina sobrevoam o odor

vermelho deixado pelo sangue

dos mortos vivos que rastejam

pelas ruas.

A terra treme!

Os bodes cantam em

louvor ao caos que se figura.

 

E não nos vem um salvador.

 

Pessoas loucas pulam de prédio em chamas.

Jovens moças, desnudas, correm eroticamente

sobre as poças de sangue.

Elas são como feiticeiras ou deusas

ninfomaníacas que buscam, em meio

a carnificina, um pouco de prazer.

 

Levanta-se um mar de larvas.

Chovem corpos deformados,

e ainda vivos.

 

Tudo em um único dia

 

– O mundo está em chamas!

– O mundo está em chamas!

 

E não nos vem um salvador.

Uma resposta to “A REVELAÇÃO”

  1. A musa te abençoou grandiosamente. Talvez ela hoje procura os poetas como as jovens moças ninfomaníacas procuram um pouco de prazer. E o mundo está cheio de carnificina inapta para a musa. Acredito que tu deves ser o salvador!

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