É ELA  

Posted in Uncategorized on maio 14, 2014 by roslin

 

Ele ama ela,

como o amarelo

ama a amarela.

 

E o cheiro de canela

se espalha pela janela

das lembranças em aquarela

que pintam minha donzela

tão morena e tão bela.

 

Meu olhar, então, congela,

a imagem que se atrela

a minha córnea-tela.

 

E não mais se esfacela

e de forma alguma degela.

É tal pintura em capela

que nem o tempo contigo duela,

este mesmo tem cautela

ao tocar na imagem dela

 

É ela, é ela, é ela…

 

A minh’alma apela.

Ah, quem me dera aeronauta-caravela,

que a imaginação remodela

para cruzar do espaço a sela

pois tua ausência me flagela.

 

(…)

 

O que digo não é balela,

somente ela me zela.

 

Que saudades da tua costela,

isto é o que em mim martela.

e o tempo ainda protela,

e a dor que engata na goela.

“quem eu quero é ela”.

 

É ela, é ela, é ela.

ATÉ DEUS MORREU

Posted in Uncategorized on fevereiro 8, 2014 by roslin

Morreu João.

Morreu Maria.

Morreu o filho

da minha tia.

 

Morreu longe, do

outro lado da cidade,

uma moça

que tinha a minha idade.

 

Morreu Isadora.

Morreu seu Adonai.

Morreu meu velho

e saudoso pai.

 

Anteontem,

de repente,

morreu o tio

aqui da frente.

 

Morreu a minha

vizinha rebeca,

acho que a morte

me cerca.

 

Dizem que

até Deus morreu!

Mas quem

tanto poder te deu?

 

Por que a morte,

então, não se liquida?

Porque, assim,

pereceria a vida.

O amor?

Posted in Uncategorized on fevereiro 3, 2014 by roslin

 

Isso que não existe.

De tanto ouvir falar

inventei coisa melhor

pra te entregar.

Mostrar-te-ei

Posted in Uncategorized on fevereiro 3, 2014 by roslin

Vou te mostrar

como voltar

de onde não se veio,

passando

pelo caminho

do meio.

Observação

Posted in Uncategorized on fevereiro 3, 2014 by roslin

O mundo viu

e fez a morte.

A morte por crime

vigiada por horas.

Morte por desastre

que o caos calcula

com precisão.

Morte por febre

possuindo carne

e sangue por completo.

A morte de tudo

que vive é preciso

para que a própria

vida aconteça.

Para que a nova

vida se nutra.

Na morte a vida

se recicla.

Como pode

Posted in Uncategorized on janeiro 27, 2014 by roslin

Como pode o céu caber

dentro de uma poça d’água

no fundo do meu quintal?

Ele deve encher todo o oceano

carregado de estrelas

celestealmente marinhas.

Artilharia

Posted in Uncategorized on janeiro 27, 2014 by roslin

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com parte da ilha

 a arte de ilhar:

artilharia

A REVELAÇÃO

Posted in Uncategorized on janeiro 27, 2014 by roslin

Vozes desesperadas:

– O mundo está em chamas!

– O mundo está em chamas!

Há um incêndio sob o céu!

 

E não nos vem um salvador!

 

Fogos furiosos saltam sobre nossas cabeças.

Raios estrondosos e pesados como metralhadoras

fulminam corpos as pressas nas ruas da cidade.

O mar se levanta como uma tropa em ataque.

Pandemônio!

Choro e ranger de dentes.

 

E não nos vem um salvador!

 

Beberrões roufenhos urram

chamando um salvador…

Mas onde ele está?

As putas clamam por piedade

em deliciosos gritos moribundos.

Aves de rapina sobrevoam o odor

vermelho deixado pelo sangue

dos mortos vivos que rastejam

pelas ruas.

A terra treme!

Os bodes cantam em

louvor ao caos que se figura.

 

E não nos vem um salvador.

 

Pessoas loucas pulam de prédio em chamas.

Jovens moças, desnudas, correm eroticamente

sobre as poças de sangue.

Elas são como feiticeiras ou deusas

ninfomaníacas que buscam, em meio

a carnificina, um pouco de prazer.

 

Levanta-se um mar de larvas.

Chovem corpos deformados,

e ainda vivos.

 

Tudo em um único dia

 

– O mundo está em chamas!

– O mundo está em chamas!

 

E não nos vem um salvador.

O último dia

Posted in Uncategorized on janeiro 17, 2014 by roslin

Os dias vindouros arrastam expectativas

e a morte é sempre uma surpresa.

Quanto desejas viver?

Queres transbordar ao último dia

que haverá na terra?

tua mãe, teu pai e teus avós

morreram. Igual será a ti.

Muito do que há em ti

já não durará até amanhã.

Não há ciência para o último dia.

Para ele não há religião.

Há apenas um fechar de olhos

e um silêncio profundo.

A consciência se cala.

No último dia

a vida se esgota sem solução

Nossas flores

Posted in Uncategorized on janeiro 17, 2014 by roslin

Nossas flores são horrendas

nutridas pelas fezes da cidade.

Nossas flores

são a cara da nossa gente.

 

Nossas flores são vermelhas

foi com o sangue de nossas vítimas

que as pintamos.

 

Nossas flores são alheias

como as pessoas

que por estas ruas encontramos.